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Jesus, porém, foi para o Monte das Oliveiras.
E pela manhã cedo tornou para o templo, e todo o povo vinha ter com ele. Assentou-se e começou a ensinar.
Então os escribas puristas e os fariseus pernósticos trouxeram-lhe uma mulher que encontraram cometendo toda sorte de barbarismos, solecismos e outros vícios de linguagem.
E, pondo-a no meio deles, disseram-lhe: Mestre, esta mulher foi apanhada cometendo os maiores pecados contra a língua.
E, na Lei, mandou-nos Moisés que tais pecadores sejam corrigidos publicamente. Tu, pois, que dizes?
Isto diziam eles, como armadilha, tentando-o, para que tivessem de que o acusar: se livrasse a pecadora da correção, seria denunciado como defensor do vale-tudo, que atentava contra a tradição gramatical dos profetas. Mas Jesus, inclinando-se, escrevia com o dedo na terra.
E, como insistissem, perguntando-lhe, ergueu-se e disse-lhes: Aquele que dentre vós não tiver pecado contra a língua seja o primeiro a corrigi-la.
E, tornando a inclinar-se, começou a escrever na terra os erros gramaticais que cada um daqueles fariseus e escribas pedantes cometiam.
Diante disso, redarguidos da consciência, saíram um a um, a começar pelos mais pedantes; ficaram apenas Jesus e a mulher.
Então Jesus se levantou e, não vendo ninguém mais além da mulher, disse-lhe: Mulher, onde estão os teus corretores? Ninguém te corrigiu?
E ela disse: Ninguém, Senhor. E disse-lhe Jesus: Nem eu te corrijo; vai-te e não erres mais.
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