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Portugal implanta barreiras linguísticas para evitar entrada de variante brasileira

Foto do escritor: Evandro DebocharaEvandro Debochara

Segurança dos aeroportos tem contado com o apoio de professores e revisores

LISBOA (Reuters) – O governo português anunciou nesta sexta-feira a implementação de barreiras linguísticas para frear a contaminação do português europeu por variantes linguísticas brasílicas (transmitidas pela variedade pt-BR-1500). O fechamento dos aeroportos foi aprovado pelo Ministério da Educação e faz parte do novo pacote de medidas que vai endurecer ainda mais as condições do estado de calamidade, que será prolongado indefinidamente pelo presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.


Embora as barreiras venham sendo projetadas para evitar todo tipo de contaminação estrangeira, a maior preocupação é com a contagiante cepa brasileira – contra a qual não existe vacina eficaz até hoje. Nos últimos anos, foram confirmados inúmeros casos de contaminação por variantes brasileiras, como detento (em vez de “detido”), dica (redução de “indicação”) e berinjela (corruptela de “beringela”), além de criações expressivas e onomatopaicas, como “bagunça" (no lugar de “desordem”, “confusão”), toró (“tempestade”) e meleca (“imundície”, "porcaria”), bem como tupinismos (cumbuca no lugar de “vasilha”) e africanismos (cafuné = “afago”) consagrados no Brasil.


“Cá estamos nós, preocupados com a variante tupiniquim. Já toleramos durante séculos a entrada de anglicismos e galicismos em nosso vernáculo, mas brasileirismo já é demais. Estamos a tomar medidas duras para prevenir esse contágio, que só tem afastado cada vez mais o Português da tradicional família linguística indo-europeia", disse o presidente português.


Esta semana, o Ministério da Educação voltou seu arsenal de revisores para a variante parabenizar, identificada em quatro viajantes que passaram pelo Brasil e retornaram a Portugal. No país, as únicas formas consideradas salutares com esse sentido são “felicitar” ou “parabentear”; e todo cidadão lusitano que parabenize alguém é automaticamente diagnosticado como infectado. Para escapar do diagnóstico positivo – e do consequente confinamento –, há gajos que têm procurado no máximo “dar os parabéns”.


Para brasileiros em território português, outras medidas foram tomadas. Mais de 40 mil estudantes de nacionalidade brasileira – muitos dos quais já vinham declarando ter ouvido em salas de aula, inclusive de professores lusitanos, que o português que falam é contaminado, quando não uma aberração mutante – já foram isolados e se encontram em quarentena. Ao protestarem pelo tratamento dado a “detentos”, foram corrigidos pelas autoridades: “‘D-e-t-i-d-o-s’. ‘Detentos’ é variante brasileira, e usá-la só reforça a razão do confinamento”.


Os que ainda não foram encarcerados temem por isso a todo instante. Ao ser abordada por fiscais da Academia das Ciências de Lisboa e tentar esclarecer que não estava acometida de nenhum mal grave, mas apenas “gripada”, uma brasileira foi rapidamente confinada, sob a justificativa de que, no país, ninguém fica “gripado”, e sim “engripado” ou “com gripe”.


Com cidadãos lusitanos, a vigilância não tem sido menos exigente. Em Sintra, vila de Lisboa, uma advogada entrou com pedido de habeas corpus para portugueses que foram confinados em isolamento profilático logo após regressarem do Brasil, por “chegarem no país" em vez de “chegarem ao país”. Apesar de seus testes de pt-BR resultarem negativos, foi imposto a eles um isolamento de 14 dias. O juiz que atendeu ao caso declarou “inconstitucional” a resolução de privar “qualquer cidadão nacional ou estrangeiro da liberdade por apenas flertar com um dialeto que, hoje em dia, é 14 vezes mais falado, lido e escrito que o idioma original”.

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