Advogado omite complemento de oração e ministra exige devida análise sintática
- Evandro Debochara
- 4 de set.
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BRASÍLIA (Reuters) – Durante o segundo dia de julgamento da trama golpista no Supremo Tribunal Federal (STF), a ministra Cármen Lúcia solicitou esclarecimentos ao advogado Andrew Farias sobre o período composto por insubordinação em que seu cliente, general Paulo Sérgio Nogueira, havia sido identificado como sujeito. O questionamento surgiu após o defensor repetir um enunciado várias vezes, mas sempre de modo incompleto, omitindo um complemento essencial, fato que levou a ministra a pedir uma análise sintática mais rigorosa:
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“Vossa Senhoria repetiu cinco vezes o período ‘O réu estava atuando para demover o presidente da República’, conseguiu identificar o réu-sujeito e o réu-objeto, mas a análise continua insatisfatória. Embora ‘demover’ possa ser apenas transitivo direto, nesse contexto, nessa oração insubordinada ao Estado Democrático de Direito, temos não apenas o objeto, o ex-presidente, mas também outro complemento que Vossa Senhoria está ignorando solenemente e que é imprescindível à compreensão da oração. Como ensina o jurista Celso Luft, quem demove alguém, demove esse alguém de alguma coisa, de uma ideia, de um intento, de um plano. Qual é esse complemento?”
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Em resposta à questão, o advogado, tal qual um aluno aplicado, disse sem titubear: “É ‘de qualquer medida de exceção’, Vossa Excelência”.
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“Ah, obrigado. Bom saber, porque, até agora, nenhuma das partes envolvidas tinha identificado esse complemento. De qualquer forma, vou pedir que conste nos autos uma referência às Lições de Juridiquês pela Análise Sintática, do eminente jurista Evanildo Bechara, e ao Dicionário Jurídico de Regência Verbal, do ilustre Celso Luft”, respondeu a ministra.
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Ao final da sustentação sintática, o ministro Flávio Dino aproveitou para observar que “nunca antes na história deste país um termo foi tão essencial para a oração”.
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