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Caneta revisora: "demais" versus "de mais"

Foto do escritor: Evandro DebocharaEvandro Debochara

Veículos de comunicação noticiaram esta semana a declaração do ministro que teve conversas de Telegram vazadas e publicadas pelo Intercept Brasil. Vários jornais, revistas, sites e blogs deram destaque, em seus títulos, a uma fala de Moro, divergindo sobre o seu final: "Não vi nada de mais" / "Não vi nada demais". Tá aí uma distinção inexistente na fala... mas infernizante na escrita. Mas... e aí? Quem tá certo?

Junto, demais pode ser advérbio de intensidade ou pronome indefinido plural. Como advérbio, significa excessivamente ("Por ora, convém não vazar demais"); muitíssimo, extremamente, em demasia ("Aquele ministro é prolixo demais"; "Desta vez Pabllo Vittar foi longe demais"); além disso ("O cargo de secretário não lhe interessa; demais, falta-lhe competência para exercê-lo"). Como pronome indefinido, tem sentido de os outros, os restantes ("Naquele momento, dois procuradores conversavam no grupo do Telegram; os demais não estavam on-line").

Separado, de mais é locução que significa a mais (oposto de de menos), além do devido ou do ideal ou mesmo capaz de causar estranheza, anormal:

– Parece que, na eleição para presidente do senado, havia cédulas de mais...

– E daí? Ali eu acho que um voto de mais ou de menos não faria diferença.

"Não vi nada de mais nessas mensagens vazadas." (Sergio Moro)

"Esse ar deixou minha vista cansada Nada de mais." ("Fábrica", LP Dois, Legião Urbana, 1985. Sim, o encarte original do disco da banda registra a grafia errada para o contexto da letra: "demais")


Demais, não? Até a próxima canetada!

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