
Você sabe o que é crasear?
Nunca vi nem usei
Eu só ouço falar...
(Zeca Pagodinho)
Como se não bastasse discordarem entre si sobre várias regras de crasear, gramáticos divergem ATÉ em torno do próprio uso desse verbo.
Cegalla e Sacconi implicam com o uso que as pessoas fazem do verbo crasear. O primeiro diz ser inadequado conjugá-lo no sentido de “colocar acento grave sobre a letra a”, como nas frases: “Não se craseia o ‘a’ diante de palavra masculina”; “Ela não sabe crasear”; “Este ‘a’ não é craseado”. Insiste que só pode ser usado no sentido de “fundir dois fonemas vocálicos iguais num só”. Já o segundo chega a dizer que “nem tem sentido crasear o ‘a’, porque a crase é um fenômeno, e os fenômenos não se fazem, simplesmente acontecem” e condena até mesmo expressões como “uso da crase” ou frases como “falta crase aí”. Um porre, não?
Adivinhem quem já mandou indireta pra eles? Bechara: “Não há razão para condenar-se o verbo crasear para significar ‘pôr o acento grave indicativo da crase’. O que não se deve é chamar crase ao acento grave...” Napoleão – quem diria! – faz coro com ele e diz: “Não tenhamos dúvida em crasear o ‘a’... Podemos craseá-lo sim!” E, no próprio verbete de “crasear” de seu dicionário de regência, Luft deixa claro que fecha com Evanildo e Napô.
Eu já escolhi meu lado nessa treta. E não se esqueçam da regra de ouro da nossa Gramática: “Na dúvida, não use o acento indicativo de crase. É menos chamativo um ‘a’ erradamente sem acento do que um com acentuação errada”.
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